Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

quinta-feira, setembro 04, 2008


UMA PROBLEMÁTICA SOCIAL, ATUAL E REALISTA
O ALUGUEL
Peça em Um Ato de Heraldo Souza
A peça O ALUGUEL (Prêmio de Melhor Diretor e indicado aos prêmios de Melhor Ator, Melhor Ator coadjuvante, Melhor Texto e Profissional Revelação no Festival Nacional Ipitanga de Teatro 2008) é mais uma realização da Cabriola Cia de Teatro. Conta a história de Tento e Jujuba, inadimplentes em um barraco na favela, que são pressionados a quitar os débitos referentes à locação do imóvel, sob pena de morte. Desempregados, descem do morro para o asfalto com a promessa de conseguir, naquela manhã de domingo, após uma noite em claro, a qualquer preço, o dinheiro para O ALUGUEL.
Para conseguir quitar o débito, um deles explora o talento como malabarista e o outro trabalha lavando os pára-brisas dos carros nos semáforos.A situação se agrava quando Jujuba tenta socorrer um homem que passa mal na calçada e o desconhecido morre, ficando o acontecido sob sua responsabilidade. Agora Tento e Jujuba devem explicação não só à Gorduchona (dona do barraco), mas também à polícia.
A peça estreou em julho de 2007 e concorreu ao prêmio de Melhor Texto no Prêmio Braskem de Teatro.
O Autor, Heraldo Souza (ator de "O Vôo da Asa Braça", diretor de "Os Prequetés"), assina a direção do espetáculo e divide o palco com Lindolpho Neto (Barrela) e Isaque Pires (Barrela).
"Escrevi O ALUGUEL depois de perceber a relação conflitante que existe entre os trabalhadores de sinaleiras e os motoristas, seus possíveis fregueses. Esse foi o ponto de partida para abordar temas como preconceito, violência urbana, desigualdade social, desemprego, corrupção, trabalho infantil, exclusão social... Mas também, sonho esperança, família, luta pela sobrevivência diária..."

ONDE: Espaço Xisto Bahia (Biblioteca Pública dos Barris), tel. 3117-6155
QUANDO: Terças e Quartas, 20h. de 02 de setembro a 01 de outubro/2008.
QUANTO: preço popular: R$ 10,00 inteira e 5,00 meia.

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Um comentário:

Eliana Mara Chiossi disse...

Cadê você...
Aparece, manda email, sinal de fumaça, que tal um café???