Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

domingo, novembro 16, 2008

A MÃO AFRO DA BAHIA


Nesta quinta-feira estarei participando no Teatro do IRDEB desta exposição organizada para comemorar o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
Abertura: dia 20 às 18 h
Visitação: de 20 de novembro a 20 de dezembro
Curadoria: Prova do Artista Galeria de Arte

Um comentário:

Adriana Godoy disse...

Olá, sou professora e na minha escola fizeram um trabalho muito legal sobre esse dia. Muitos poemas, peças de teatro, músicas, danças, mas o que me comoveu foi o depoimento de uma aluna negra e como ela mudou a visão em relação a sua cor. De vergonha e preconceito ela passou a se orgulhar do tom de sua pele, de sua cultura de seus avós e pais. A avó estava presente e pude ver lágrimas em seus olhos de orgulho por sua neta. Legal, muito legal.

PS: Seu blog é muito doido, cara. Tem muita coisa boa. Gostei. Abraço