Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

segunda-feira, novembro 19, 2007


aniversário hoje


cena do vídeo ALICE

parabéns pablo sales

Novo formato da Bienal do Livro do Ceará será definido no I Encontro de Agentes Culturais – América Hispânica
CURADORIA
Floriano Martins (Fortaleza, Ceará, Brasil, 1957). Poeta, ensaísta, tradutor e editor. Coordenador editorial da Coleção Ponte Velha, de autores portugueses, da Escrituras Editora, de São Paulo. Coordenador editorial da Coleção Biblioteca Bolivariana, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, bem como curador da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará. Autor de uma antologia da poesia colombiana do século XX (em colaboração com Lucila Nogueira) e de uma antologia do surrealismo em todo o continente americano, livros publicados em 2007, respectivamente no Brasil (Recife, Edições Bagaço) e na Venezuela (Monte Ávila Editores, Caracas). Tradutor de autores como Federico García Lorca, Guillermo Cabrera Infante, Alfonso Peña, Pablo Antonio Cuadra, Juan Calzadilla e Ana Marques Gastão. Entre seus livros de poesia, destacam-se Alma em chamas (Brasil, 1998), Cenizas del sol (Costa Rica, 2001), Tres estudios para un amor loco (México, 2006), e Teatro Imposible (Venezuela, 2007).

Dirige a revista virtual Agulha (http://www.revista.agulha.nom.br/) e é coordenador editorial do projeto Banda Hispânica, do Jornal de Poesia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Toda alegria e sucesso na vida para o grande Pablo.

. fina flor . disse...

tive o prazer mais que prazer de conhecer o Ruy numa roda de cerveja e petiscos. Grande pessoa!

beijos, querido e boa semana

MM.

Senhorita B. disse...

Parabéns para o meu querido amigo Pablo! Cara gente fina, bacana. O primeiro escritor que conheci pessoalmente. Foi incentivada por ele que me inscrevi no Braskem, sabia? No mais, vou procurar a música do Raul.
Bjs