Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho
5 comentários:
Meu camarada, antes de mais nada parabéns pela exposição! Ou melhor, pelas exposições - dois ambientes distintos, atingindo as pessoas de todas as classe, que coisa bacana! Cara, deixa eu te falar, estou fazendo uma monografia sobre o papel da Internet na produção artística de hoje em dia, é uma coisa bem simples, mas honesta. Queria te enviar o questionário com as questões. Topa? Uma abraço.
Belas obras.
Parabéns Nelson...sempre para a frente.
Abraço.
D. Nelson,
Em Itabuna faz frio? (rs,rs)
Buenas!
...e quando vens a Ituberá expor a simpatia?
Abraço
Parabéns, Magalhães pela arte forte e moderna! Abraço!
Postar um comentário