Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

terça-feira, agosto 05, 2008

SAMANTHA ABREU, Todas as Palavras do Mundo

5 comentários:

Braga e Poesia disse...

é bom ouvir e ver samantha.

Anônimo disse...

Valeu Ronaldo. A poesia da Samantha é doce e cruel. Grande abraço.

Zinaldo Velame disse...

Massa! As Palavras dessa garota soam como música. Os ouvidos devem estar sempre abertos às palavras do mundo. Parabéns Samantha, parabéns Magalhães por divulgá-la. Abraço, parceiro!

Anônimo disse...

QUE BOCA GOSTOSA ESSA DA SAMANTHA!!!
NOSSAAA!!!

Anônimo disse...

Um bom poema.Nos faz refletir quais são essas palavras que "não deixem á mingua minhas dores". muito bom.

Grande abraço nelson.

heraldo fraga