Nelson Magalhães Filho. ANJOS SOBRE O RECÔNCAVO 2008. Acrílica s/tela, 80X70 cm
(toco guitarra mal prá porra) enquanto
ouvia “a means to and end”, um
tributo para Joy Division…
ou bebendo absinto nas noites mais carnívoras
e depois uivar para uma lua
apodrecida entre meus dentes
cingidos por amores-carniças...
Nestes luares ameaçadores de outros insetos
danosos penetram pela janela de meu
quarto oco das carnes mornas onde
avisto o mar amarelado
(som de Elis Regina no rádio).
E no céu apenas restam alguns destinos,
a rua conturbada pelos automóveis velozes
as jovens putas com seus perfumes de carne
e seus olhos famintos pelas ambrosias
mas que se fartam de conhaque barato:
(agora ouvindo Chavela Vargas no micro-system)
ANOTAÇÕES SOBRE A CLANDESTINIDADE DOS SONHOS:
Vai chover outra vez assaz
esta noite de natureza estúpida
talvez apenas um refúgio obsoleto
sobre encantamentos, ou corvos vermelhos
pairando além das ruas brutais: aprendizado
do desespero, verterá sangue
a formosura trágica entre as frestas da insensatez
porque é assim que os anjos nos beijam o cú
quando não estancamos a disseminação que delira
nossos ossos,
nossa hóstia consagrada na barriga podre
das vacas...
Nelson Magalhães Filho
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Há 9 horas
8 comentários:
Buenas, voltou com uma fábula violenta. Desde a noite de absinto com o Sr. Mentira, fiquei no aguardo deste poema, um tiro nos colhões, como recompensa, grande abraço mestre.
Foda-se que poemão ;)
Abraço.
Nelson, querido,
Adoro seus quadros. Els têm força, estilo próprio.
Mudando de assunto: você tem notícias do Pablo?
Abraços,
Renata
Vou escrever para ele. E o Vestígios tb tá inscrito nos 5 minutos.
Abraços,
Renata
Nelson, o sebo fechou (acho que já te disse isso), mudamos de apto e de bairro, quer dizer, de alguma maneira vamos nos movimentando; pelo menos é em direção ao mar. Um grande abraço e vida longa.
p.s.
Via email eu te passarei o novo endereço.
nelson,
puta texto meu camarada!
sonoro, visual, com tintas fortes e berrantes.
li, reli, tornei a ler.
ducaralho.
Magalhães, quando você falou que iria publicar um poema forte, eu pensei, vem coisa aí para arrombar as estruturas, e veio. "...os anjos nos beijam o cu...". Beleza, Professor!
Obrigado a todos os amigos que fizeram comentários aqui. A gente vai experimentando se expressar com as palavras... É muito difícil mesmo escrever. Grande abraço.
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