Onde: Galeria do Conselho
Av. Sete de Setembro, 1330 (anexo ao Palácioda Aclamação).
Tel.: 71 3117.6193
Abertura: 24 de abril às 19h
Visitação: 24 de abril a 15 de maio de 2009, de seg a sex das 9h às 17h30
CAIXAS DE LUZ
Por volta dos anos 1980, Graça Ramos, professora titular da Escola de Belas Artes da UFBA, começou a costurar, à máquina, retalhos de panos, restos das telas que costumava preparar. Diversas experimentações trouxeram volume ao que antes era plano e estático. Surgem suas primeiras telas tridimensionais. O importante não era realizar um quadro, mas encontrar respostas para as investigações. As pinturas aqui expostas constituem uma pequena parte do trabalho resultante do processo criativo da artista, durante pesquisa de doutorado na Espanha, onde produziu suportes tridimensionais em forma de caixas. A obra é mesclada de carga matérica, luz elétrica, diversos tipos de tecidos e tramas, com o propósito de tirar partido tanto da pintura matérica, quanto das transparências e janelas que deixam passar a luz colorida, uma pintura efêmera. Lucio Fontana e Manuel Millares tiveram relevante papel no processo reflexivo e artístico de Graça Ramos. Fontana inicia a ruptura do suporte pictórico, e em 1949 perfura sua primeira tela. Millares propicia a Graça Ramos um “encontro impactante”, em 1992, na Espanha, com sua obra, construída com sacos e panos grosseiros, revelações, que decidiram o rumo de pesquisa da artista, que a partir daí passa a desenvolver um estudo sobre o cubo convertido em caixa de luz. A luz começa a explodir do interior destes objetos lumínicos, através das janelas e frestas, estabelecendo relação entre os espaços internos e externos, revelando o mistério que há por traz das coisas. Nos trabalhos da artista, como em Marcel Duchamp, o espectador também é impulsionado a manejar a obra, acionando o interruptor, tornando-se co-participante da obra. O espaço pictórico tridimensional é, sem dúvida, o espaço intermediário entre a pintura e a escultura. O espaço real, representado pelo volume físico, e o espaço vazio, representado pelo simbólico, se contrapõem e harmonizam ao mesmo tempo.
(Texto adaptado do original de Graça Ramos, por Rubens Ribeiro (ICI/UFBA).
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