GRAÇA RAMOS
Híbridos de matéria e luz
Galeria do Conselho
AS OBRAS DE ARTE DE GRAÇA RAMOS
De uma obra de arte espera-se que ela dialogue com a essência interior do mundo. A professora da Universidade Doutora Maria das Graças Moreira Ramos, entende retratar os enigmas do mundo com metáforas impressionantes. Suas obras mostram a vulnerabilidade da existência humana. As telas dessa artista são cortadas e re-costuradas. Através das cores e configurações alcançam uma dimensão totalmente diferente. A existência do ser humano, seu mundo, está contida nestas obras de artes, revelando um potencial de dissolução, fragilidade e segurança enganosa.Os cortes nas telas são códigos secretos de Graça Ramos. Eles transmitem quebraduras e rachaduras de um mundo oco e induzido, no qual o ser humano não consegue achar nenhuma segurança verdadeira. Nada está em pé, firme. Mas, numa filosofia existencial apocalíptica da artista, também existe esperança porque ela ilumina os cenários. Luz aparece através das feridas das telas. Uma luz cheia de calor e cores. Liberando o ser humano da dor e da solidão, liberando-o do seu desespero, da consciência da sua frágil existência. A forma na qual a artista apresenta seus trabalhos é profundamente verdadeira, pois não argumenta, não sugere especulativamente e não moraliza com o dedo erigido.No mundo do ser humano a luz é símbolo de revelação e os cortes são símbolos para todos os sentimentos que afrontam. Na sua correlação maravilhosa, contendo a genialidade da “coincidentia oppositorum”, os dois formam uma profunda sabedoria da filosofia mundial.Quem alcança tal profunda sabedoria, conseguindo transformar-la em uma obra de arte, mostra a verdade, portanto, nenhuma obra de arte poderia dizer mais além disso.
Carl Michael Hofbauer Santos de Almeida
Professor, escritor e historiador
GRAÇA RAMOS: ARTISTA DA LUZ
A luz, elemento vital, fogo que acende a vida e cancela a noite revestindo a matéria de poesia. Nos séculos símbolo de espiritualidade, vida, verdade e beleza, a mesma vida que envolveu Rubens na sua passagem pela Itália nos cromatismo dos artistas venezianos e no “ luminismo “ de Caravaggio que revestia as suas formas de luz e cromatismo vibrante e que dava a matéria aquela anima real revitalizando o “ 600 “ napoletano. Aquela luz que fez vibrar Monet, percebendo a sua ação na catedral de Notre Dame de Paris nos quatros momentos do dias, deslumbrando a ação do maior artista do mundo, “A Luz”.Aquela caricia poética, que todo dia, pontualmente, beija a matéria, tingindo-a de mil cores, transformando-a docemente, estimulando a Monet, espírito fruidor do belo, a mesclar a matéria cromática, para imitar e deixar na tela os próprios sentimentos, como Mario Merz, autor contemporâneo que com os neons coloridos, colocou a luz como meio introspectivo e testemunho da contemporaneidade.Graça Ramos, artista vital, vibrante, que mescla as cores como nota colorida, criando sinfonias cromáticas que penetram na pele, instigando aquela vida introspectiva que, num momento de exaltação criativa, a conduz misturar materiais de forma tecnicamente híbrida, aparentemente contrastante, inserindo o elemento vital, a luz, nas vísceras da ópera, ascendendo violentamente as formas, catalisando e superando a matéria, transformando-a em energia poética pura, dando força tumultuosa em uma expressão direta. Transforma como mágica, materiais recicláveis antiestéticos em beleza pura, em um equilíbrio de meios expressivos típico de quem possui uma forte personalidade, dom muito raro das pessoas criativas que descreve o próprio tempo filtrado dos sentimentos pessoais, essência vital para ser colocada como testemunho na história da humanidade.
Dr. M° Giuliano OTTAVIANI
Pittore-Scultore-Orafo
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