Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

quinta-feira, agosto 28, 2008

Vitória da Conquista recebe segunda etapa dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008


Foto: Karla Brunet, selecionada nosSalões Regionais de Feira de Santana 2007

Depois de passar por Alagoinhas, os Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008 chegam à cidade de Vitória da Conquista. A abertura oficial do evento acontece dia 29 de agosto, sexta-feira, às 19h, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, onde as obras de 41 artistas ficarão expostas até 12 de outubro. Em sua segunda etapa, a mostra é resultante do edital de fomento às Artes Visuais, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), unidade da Secretaria de Cultura. A diretora geral da Fundação, Gisele Nussbaumer, e o diretor de Artes Visuais, Dilson Midlej, estarão presentes na abertura.
Nesta etapa, concorrem artistas de Amargosa, Andaraí, Cruz das Almas, Feira de Santana, Salvador, São Félix, Vera Cruz e Vitória da Conquista. Pinturas, instalações, gravuras, fotografias e vídeo-arte estão entre os meios de expressão artística presentes na mostra. Uma comissão de premiação, apresentada na abertura do evento, formada por três pessoas de reconhecida atuação na área artística, irá selecionar dois trabalhos. Os vencedores receberão o Prêmio Fundação Cultural do Estado da Bahia no valor de R$ 6 mil cada um. Será concedido, ainda, o Prêmio Incentivo Fundação Cultural do Estado de R$ 3 mil para um terceiro artista e menções especiais não-remuneradas.
Do total de 41 selecionados, 10 são do município anfitrião, o maior percentual de artistas da região selecionados entre as três edições dos Salões Regionais deste ano. Para garantir a presença dos residentes em outras cidades na cerimônia de abertura, a Fundação Cultural do Estado oferece apoio financeiro para o custeio de passagens e hospedagens. “Este é o quarto Salão da atual gestão e registramos um maior número de inscrições com relação ao ano passado, o que reflete o apoio ao desenvolvimento de projetos no interior. Este ano, já na abertura, em Alagoinhas, sentimos a mudança proporcionada pelo apoio para transporte e hospedagem dos artistas de fora da cidade, que possibilita o intercâmbio entre os participantes e aumento do público na cerimônia de abertura do evento”, comenta Gisele Nussbaumer.
Sobre isso, completa Dilson Midlej, “Minha expectativa é de que a segunda etapa dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008, em Vitória da Conquista, repita o sucesso do que aconteceu em Alagoinhas, cujo número de visitantes foi superior a duas mil pessoas. Esta exposição é importante na medida em que reúne a diversidade de um grande contingente de pesquisas visuais, que vem sendo desenvolvidas por artistas de vários municípios do Estado, através de variados meios (pintura, instalação, escultura, fotografia, etc.).”
Sobre os Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008A realização dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia, projeto que contempla três grandes mostras em municípios do Estado em 2008, é mais uma ação incentivadora da produção artística promovida pela Secretaria de Cultura, através da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Os Salões possibilitam atualizar artistas e o público em geral acerca do que de mais recente se produz em artes visuais, além de estimular a criação de arte e premiar artistas escolhidos por uma comissão de especialistas.
As três mostras que constituem os Salões Regionais 2008 oferecem R$ 45 mil reais em prêmios (R$ 15 mil por edição) e apresentam uma seleção dos 194 projetos artísticos inscritos por 88 artistas, através do Edital lançado em março. A primeira exposição ocorreu em Alagoinhas (de 04 de julho a 17 de agosto), com obras de 31 artistas e mais 3 homenageados. A segunda é esta, em Vitória da Conquista (de 29 de agosto a 12 de outubro), e a próxima acontecerá em Itabuna (de 10 de outubro a 23 de novembro), com trabalhos de 35 participantes.
HistóriaNeste ano, os Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia completa 16 anos. O Centro de Cultura de Alagoinhas foi onde tudo começou, em 21 de julho de 1992, quando o evento ainda era chamado de Salões Regionais de Artes Plásticas da Bahia. Neste período, os Salões já expuseram obras de cerca de mil artistas em mais de 30 mostras realizadas em cidades como Vitória da Conquista, Itabuna, Porto Seguro, Alagoinhas, Valença, Jequié, Juazeiro e Feira de Santana, contribuindo para o incentivo e a dinamização das artes no Estado.


Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008 – Vitória da Conquista

Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima – Av. Rosa CRUZ, 45, Candeias, Vitória da Conquista. Tel: (77) 3424-3006/ 4527

Abertura – 29/08, sex, 19h. Visitação – de 30/08 a 12/10, ter-dom, das 13h ás 19h

Realização: FUNCEB

sexta-feira, agosto 22, 2008

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SAMANTHA ABREU: no final, a droga
KAREN DALTON
Universidade Federal da Bahia
Escola de Belas Artes
Curso de Extensão
Mixed Media
Explorações Contemporâneas
Profª. Valécia Ribeiro



Duração: 12 de setembro - 07 de novembro
Horário: das 15 às 18h
Local: Escola de Belas Artes da UFBA
Coordenação: Edgar Oliva
Informações: Departamento II da Escola de Belas Artes
Tel: 71 - 32837920


CONVITE
Convidamos V.Sª. para a Exposição "Experiência da Distância", de Stephanie Ménasé, dia 25/08/2008, Segunda-feira às 20h30min e para a Conferência "Entre a Mancha e a Pincelada: A Busca de uma Expressão Livre", dia 27/08/2008, quarta-feira às 15h00min.

LOCAIS:
EXPOSIÇÃO - Sala Riolan Coutinho - 1º andar da EBA.
CONFERÊNCIA - Salão Nobre - 1º andar da EBA.
Stephanie Ménasé: Doutora em Filosofia, Artista Plástica e autora do livro "Passividade e Criação - Merleau-Ponty e a Arte Moderna".

terça-feira, agosto 19, 2008

sexta-feira, agosto 15, 2008

Foto: NMF


cavalos discorrem pela afável noite
até ficar insuportável beijá-los
- com a língua beijar cavalos -
o tempo não passa nunca
o tempo chora sangue de anjo sangue de cavalo.
ainda não sei o que tem dentro de mim
que não passa nunca e chora
sangue de cavalo sangue de anjo.
eu cambaleava pela afável noite de ontem
com a sede insuportável do beijo
vadiando pelos becos escuros da gamboa
vadiando pelas ruas estreitas
esculpidas de perturbados da gamboa.
aí eu começei o canto esganiçado
para você me ver assim: uma
muralha de dor,
uma carne tecida de flores
que vão ficando álgidas de aves marinhas.
meu amor que não conheço apenas me pasta
neste tempo perdido no mar negro
abortando cavalos e cadelas e rezando pro anjo.
vivo pastando no mar negro como peixe boi
estrela do mar negro percorro temporais selvagens
e cada vez que me perco pela afável noite de ontem
o oco de mim vai vomitando
um sentimento nostálgico de perdas
espelhos de mortos com seus ossos de medo.

Nelson Magalhães Filho
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labirinto em olhos de madrugada

Colaram figurinhas
nos olhos das meninas
que não sentiram as lacraias
roubando a madrugada.
Atrás dos muros dos quintais
além dos abacateiros,
a tarde cai diferente
acima do estranho jogo de garrafas
entre os meninos
da rua João Gustavo da Silva.
Um labirinto malígno
pela cidade urinada.

Nelson Magalhães Filho

Foto: NMF
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quinta-feira, agosto 14, 2008

quarta-feira, agosto 13, 2008

domingo, agosto 10, 2008

SURÍV LATROM

sexta-feira, agosto 08, 2008

OPINIÃO
O trabalho do artista plástico Nelson Magalhães Filho, nomeado por ele de série dos anjos baldios 2008, tem já em sua nomeação uma decisão estética, ato de um artista que não somente preza a técnica, mais maduro, pode compreender todo o valor de uma composição, uma vez que a intitulação nos leva para uma caminhada, uma série começa, mas, quando termina? E o que busca? O que caminha? E prá onde caminha? Tem a composição nelsoniana já esta busca pela verdade, e não o encontrar de uma verdade, uma vez que são anjos, mas baldios que mesmo nos ignorando, dos seus olhos nos implora dor. Beijam-nos com e na sua dor. Olhar o quadro da série é beijar a minha dor mais guardada. O trabalho do artista plástico Nelson Magalhães Filho, intitulado de série dos anjos baldios, tem um estranhamento, que somente os grande artistas possuem, sua obra um corpo sagrado numa sinfonia de acalentos, onde um crime foi praticado, um crime perfeito, e a perfeição é que é o próprio crime, porque elimina a vida, e é contra essa perfeição que o mundo dos anjos baldios se voltam, pois eles sabem que o crime é mostrar o real, e realizar o real, é fechar o viver nesse pretenso real, reduzindo a vida ao meu entendimento dela. Pra ser perfeito o crime tem que eliminar a perfeição, portanto não há crimes, há dor e sombras sofrendo por entre dedos e prosas em ninhos, onde é a vida que escondida repousa para sempre. No quadro que agora eu olho, não vejo medo nos anjos baldios, mas gestuais míticos nos doando a vida como um presente e não como uma cobrança, é a vida que escapa dos quadros de Nelson para aquele que o olha de frente, é a vida que não existe em mim que me olha de lá me dizendo: veja o meu sangue, o meu sangue é derramado na vida, na caminhada, nos encontros, nos desencontros, e tudo isso é dentro, é a vida inteira dentro e você sabe que é a vida que lhe olha porque você não pode olhar a vida. E todo esse diálogo, quadro versus platéia, assusta aquele que olha pela primeira vez uma obra deste artista. Nelson tem que ser digerido lentamente e sem medo de sentir medo, é a minha vida que treme dos quadros dele. Toda a geografia desta obra nos remete em cada detalhe em direção a um mundo cru, estranho e único. Eu não vejo mais a obra do autor, eu vejo a minha dor, a minha vida fora das telenovelas, fora da meta – narrativa. Aquilo que eu vejo, não é o que o artista pintou, o artista pintou meu intestino, meu coração pesado, e minhas lembranças-lambanças. Finalmente eu abro os olhos e tomo coragem: estou agora de frente para o quadro, que por sua vez não me olha, parece olhar para uma platéia maior, como um personagem trágico do teatro grego com suas máscaras, com suas dores e sua sofrida dignidade. O quadro me mostra duas figuras que se entrelaçam e pode parecer uma única pessoa, por outro lado nos traz uma imagem que tanto pode ser a figura do pai e do filho, como do opressor e oprimido, mas essas informações são primárias, elas não estão ali, é a minha limitação que dita a minha leitura, depois o quadro começa a falar, e meu corpo como o corpo da obra sente a presença de um algoz e vítima de si mesmo simultaneamente. Faz-se importante salientar na série dos anjos baldios alguns pontos: primeiro que não encontramos ali a dor em demasia, a composição se completa em uma economia da dor, a obra tem na sua tragédia mais que um sofrimento e sim uma vontade de expressão que explode em um grandioso espetáculo trágico. Também se faz importante destacar a produção do conhecimento, é o conhecer que a todo custo o quadro quer, insiste e perpassa toda a sua potência, potência

de conhecimento, exalando no viver, o caminhar. Para minha visão, se destaca entre cores fortes que mais parece meu grito, duas figuras humanas, uma de pé e outra ligeiramente à frente e com o pescoço contorcido para trás, parecendo protegido pela figura maior. Há duas informações se afirmando, uma figura parece segurar a outra com um braço que gigante desmorona uma possível cordialidade, mas também se revela uma mancha por trás deste braço ameaçador, um outro que se esconde insinuando uma possível inutilidade, e uma outra figura que olha sem licença direto pra minha ausência. Nelson não pinta aparências, e neste seu quadro não há pessoas, antes sombras que teimam em um não viver, é a denegação da vida em murmúrios doces, presentes em cada gestual da cor. Sustentando um blues, Nelson nos acalenta com a firmeza da mãe que balança nos braços, cantando músicas de ninar pra dormir o filho morto, mas por outro lado, Nelson não busca a catarse, ele não aceita continuar embalando o filho morto, e essa imagem é superada no braço que inútil se esconde entre os corpos e no algoz que é vitima e na vitima que é algoz. É no corpo que Nelson grava a sua história, e é no corpo daquele que ver o seu quadro que é definido no sofrimento uma meta, pois os olhos das sombras olham pra fora do quadro, olham pra frente e pra bem longe de ambos, eles olham a vida, e a vida tá lá fora, e é só lá fora que tudo ou nada pode acontecer, pois a vida não está no quadro, a vida pertence a quem olha o quadro, e é só lá fora que pode haver interesse no quadro, os personagens se tocam, mas se ignoram, não existe relação, há exclusivamente "um estar ali", "um não estar no mundo", e tanto pode ser uma brincadeira do meu próprio mundo, como uma lição tardia. Nada está no quadro e sim tudo está fora dele. A vida está fora dele, a morte está fora dele. E inutilmente eu brigo com essa sombra o tempo todo a me não olhar, e perversamente sempre a me ver e insistentemente a me dizer: você não me olha, você olha você. É em você que reina tudo o que você pensa que vê aqui, é apenas você como realmente você é. Venha, se olhe e viva.

Ronaldo Braga
http://www.ronaldobragas.blogspot.com/

quinta-feira, agosto 07, 2008

John Lee Hooker
Nelson Magalhães Filho. Série ANJOS SOBRE O RECÔNCAVO 2008, acrílica s/tela, 120X100 cm

quarta-feira, agosto 06, 2008

Minha amiga Cristiane Oliveira estará participando com sua grife de roupas e acessórios - DONA XICA, do Mercado Moda Mix, uma feira interessante, com novo conceito e que será realizada no BAHIA CAFÉ HALL, no período de 06 a 11 de agosto, das 16 às 23 horas.
O convite é para duas pessoas, vale para todos os dias e pode ser impresso. O stand é o nº 38.

terça-feira, agosto 05, 2008

Rio Vermelho - Salvador - Ba
EM FRENTE AO SUPERMERCADO BOMPREÇO RIO VERMELHO E AO COLÉGIO MANOEL DEVOTO
À véspera do inverno estranhos dias virão nas pálpebras da noite que flor desbota
Desenvolvendo o olhar
curso de fotografia para iniciantes com Ana Paula Pessoa

Tel. 71-9983 2221/3367 0990
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SAMANTHA ABREU, Todas as Palavras do Mundo
a maravilhosa fotografia da artista visual ana paula pessoa

Foto: Ana Paula Pessoa

Foto: Ana Paula Pessoa

domingo, agosto 03, 2008

Nelson Magalhães Filho. Série ANJOS SOBRE O RECÔNCAVO 2008, acrílica s/tela, 80X70 cm


Como os que não sonham
gosto de caminhar vagaroso
por lugares vazios
nesta ornada madrugada de chumbo.
Não vou carpir os sentimentos
que passam ilesos minha doce
mulher carmesim, apenas
arrisco estranhas canções no velho piano.
Em agrestes vôos chafurdo
como inusitado pássaro estridente
e a madrugada tem olhos de ravina
ou de groselha. Lágrimas faz tempo
que chove a cântaros
e nas bordas do muro de gerânios
cobrejará um astucioso gato pardo.
Fico quieto e adentro o ardor,
lá no quintal tem um anjo
que queima à noite toda.

Nelson Magalhães Filho

VIC CHESNUTT
OUTRAS CANÇÕES PARA NOITES FELINAS



Mixwit