Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

segunda-feira, novembro 09, 2015


De 10 a 14 de novembro, o Cineclube Mário Gusmão realiza a Mostra Transáfrica, reunindo filmes de diretores africanos e brasileiros propondo um diálogo sobre a África. As exibições, acompanhadas de debates, vão ocorrer sempre a partir das 19 horas, no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (Cahl/UFRB).

A Mostra Transáfrica terá 5 sessões, com 5 longas e 1 curta-metragem. Os diálogos sobre África se darão através de dois pontos de vista: dos diretores africanos, com três filmes que discutem o lugar da fala em sociedades africanas; dos diretores brasileiros, que reinventam o continente africano aqui no Brasil.

Confira a programação por dia:

Terça-feira (10/11): “Ceddo”, de Ousmane Sembène. 
Debate com Prof. Túlio Muniz (UNILAB);

Quarta-feira (11/11): “Keita”, de Dani Kouyaté. 
Debate com Profa. Ângela Figueiredo (UFRB) e Profa. Cristiane Souza (UNILAB);

Quinta-feira (12/11): “Bamako”, de Abderrahmane Sissako. 
Debate com Prof. Kabengele Munanga (visitante UFRB) e Profa. Amaranta Cesar (UFRB);

Sexta-feira (13/11): “Alma no Olho”, de Zózimo Bulbul e “Leão de 7 Cabeças”, de Glauber Rocha. 
Debate com Prof. Jacques Depelchin (visitante CEAO/UFBA) e Profa. Cyntia Nogueira (UFRB);

Sábado (14/11): “Terra deu, terra come”, de Rodrigo Siqueira.
Debate com Makota Valdina Pinto, educadora e líder religiosa, e Elen Linth, cineasta;


Cineclube Mário Gusmão, para realizar a Mostra Transáfrica, conta com o apoio do Centro de Artes, Humanidades e Letras – CAHL/UFRB, do Mestrado Profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas/UFRB, da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français . Além do apoio financeiro do Governo da Bahia, através do Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA).


Contamos com sua presença!