Foto: Dulce Sanches
As noites desabam insinuando assombros
Que gotejam em minhas imprecisas lembranças
Minha essência tem sido sempre este tumulto
Nuvens no céu obscuro não alcançam teus amores
Erramos infelizes pelas passagens clandestinas
Eu sou um homem que voa nos aguaceiros
Rezo para você um rosto que nunca é visto
Às vezes despejei lágrimas doídas em teu corpo
As tempestades arrebentam tuas flores mimosas
Aparições vazam diante de tua afeição fingida
Luares chamejam pelo negrume e esqueço teu cheiro
Beije meus olhos sem mágoas nos bosques
Eu sou um homem que voa nos aguaceiros
Rezo para você um rosto que nunca é visto
Nem sei até onde posso ver as sediciosas paragens
Sem coiotes que rodopiam ou cães ambíguos
Apenas abraçarei sozinho através das pradarias
Sem princípios e sem alguém para idolatrar
O mar jorra desenganos enquanto permaneço no quarto
Eu sou um homem que voa nos aguaceiros
Rezo para você um rosto que nunca é visto