Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho
Nelson Magalhães Filho
terça-feira, setembro 30, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
pintura de Graça Ramos sobre fotografia
Tua ausência despida em ardor
nestas horas não adormeço
mas contorço-me em sobejos de avencas negras
minha ira deseja
tua secreta selvageria
emanada da noite:
abismo que não cicatriza visgo algum.
Minha dor despida dos seixos
despida da negrura dos nervos-archotes
nestas horas não adormeço
contorcendo-me nas avencas negras
em minha ira desejo
tua secreta selvageria
emanada pela noite de atrocidades
que não cicatrizam tuas vísceras
na pederneira.
Nelson Magalhães Filho
quarta-feira, setembro 24, 2008
domingo, setembro 21, 2008
Nelson Magalhães Filho. ANJOS BALDIOS 2008, acrílica s/tela, 70X50 cm
É só mais uma noite.
Entre espasmos lastimosos
esvaecem resíduos de tédio.
Não há mais liames
entre coisas submersas apenas sobras,
memórias e perdas.
Estamos longe,
ainda solto pedaços de nervos
gelados pelas estradas.
Nelson Magalhães Filho
segunda-feira, setembro 15, 2008
imagem em 5 quadrinhos
Exposição coletiva de quadrinhos e cartunsintegrando a programação do XII festival nacional de vídeo imagem em 5 minutos
Entrega dos trabalhos até 12 de outubro
Informações:
tel: 71-3103 4065
www.funceb.ba.gov.br
sexta-feira, setembro 12, 2008
quinta-feira, setembro 11, 2008
Jamile na Alemanha
Minha amiga e artista visual Jamile do Carmo realizou uma exposição na cidade de Tennenlohe, para o evento da “Fiesta de Arte” (participacäo através de concurso, säo as fotos onde aparecem biombos com fundo grafite). A outra expo foi em Erlangen, com o seu grupo KVE, uma associacäo de artistas desta cidade. Os temas eram livres e ambas foram no mês de Julho (28/08 a 05/09).
Minha amiga e artista visual Jamile do Carmo realizou uma exposição na cidade de Tennenlohe, para o evento da “Fiesta de Arte” (participacäo através de concurso, säo as fotos onde aparecem biombos com fundo grafite). A outra expo foi em Erlangen, com o seu grupo KVE, uma associacäo de artistas desta cidade. Os temas eram livres e ambas foram no mês de Julho (28/08 a 05/09).
sábado, setembro 06, 2008
Nelson Magalhães Filho. ANJOS SOBRE O RECÔNCAVO 2008. Acrílica s/tela, 80X70 cm
(toco guitarra mal prá porra) enquanto
ouvia “a means to and end”, um
tributo para Joy Division…
ou bebendo absinto nas noites mais carnívoras
e depois uivar para uma lua
apodrecida entre meus dentes
cingidos por amores-carniças...
Nestes luares ameaçadores de outros insetos
danosos penetram pela janela de meu
quarto oco das carnes mornas onde
avisto o mar amarelado
(som de Elis Regina no rádio).
E no céu apenas restam alguns destinos,
a rua conturbada pelos automóveis velozes
as jovens putas com seus perfumes de carne
e seus olhos famintos pelas ambrosias
mas que se fartam de conhaque barato:
(agora ouvindo Chavela Vargas no micro-system)
ANOTAÇÕES SOBRE A CLANDESTINIDADE DOS SONHOS:
Vai chover outra vez assaz
esta noite de natureza estúpida
talvez apenas um refúgio obsoleto
sobre encantamentos, ou corvos vermelhos
pairando além das ruas brutais: aprendizado
do desespero, verterá sangue
a formosura trágica entre as frestas da insensatez
porque é assim que os anjos nos beijam o cú
quando não estancamos a disseminação que delira
nossos ossos,
nossa hóstia consagrada na barriga podre
das vacas...
Nelson Magalhães Filho
(toco guitarra mal prá porra) enquanto
ouvia “a means to and end”, um
tributo para Joy Division…
ou bebendo absinto nas noites mais carnívoras
e depois uivar para uma lua
apodrecida entre meus dentes
cingidos por amores-carniças...
Nestes luares ameaçadores de outros insetos
danosos penetram pela janela de meu
quarto oco das carnes mornas onde
avisto o mar amarelado
(som de Elis Regina no rádio).
E no céu apenas restam alguns destinos,
a rua conturbada pelos automóveis velozes
as jovens putas com seus perfumes de carne
e seus olhos famintos pelas ambrosias
mas que se fartam de conhaque barato:
(agora ouvindo Chavela Vargas no micro-system)
ANOTAÇÕES SOBRE A CLANDESTINIDADE DOS SONHOS:
Vai chover outra vez assaz
esta noite de natureza estúpida
talvez apenas um refúgio obsoleto
sobre encantamentos, ou corvos vermelhos
pairando além das ruas brutais: aprendizado
do desespero, verterá sangue
a formosura trágica entre as frestas da insensatez
porque é assim que os anjos nos beijam o cú
quando não estancamos a disseminação que delira
nossos ossos,
nossa hóstia consagrada na barriga podre
das vacas...
Nelson Magalhães Filho
quinta-feira, setembro 04, 2008
Peça em Um Ato de Heraldo Souza
A peça O ALUGUEL (Prêmio de Melhor Diretor e indicado aos prêmios de Melhor Ator, Melhor Ator coadjuvante, Melhor Texto e Profissional Revelação no Festival Nacional Ipitanga de Teatro 2008) é mais uma realização da Cabriola Cia de Teatro. Conta a história de Tento e Jujuba, inadimplentes em um barraco na favela, que são pressionados a quitar os débitos referentes à locação do imóvel, sob pena de morte. Desempregados, descem do morro para o asfalto com a promessa de conseguir, naquela manhã de domingo, após uma noite em claro, a qualquer preço, o dinheiro para O ALUGUEL.
Para conseguir quitar o débito, um deles explora o talento como malabarista e o outro trabalha lavando os pára-brisas dos carros nos semáforos.A situação se agrava quando Jujuba tenta socorrer um homem que passa mal na calçada e o desconhecido morre, ficando o acontecido sob sua responsabilidade. Agora Tento e Jujuba devem explicação não só à Gorduchona (dona do barraco), mas também à polícia.
A peça estreou em julho de 2007 e concorreu ao prêmio de Melhor Texto no Prêmio Braskem de Teatro.
O Autor, Heraldo Souza (ator de "O Vôo da Asa Braça", diretor de "Os Prequetés"), assina a direção do espetáculo e divide o palco com Lindolpho Neto (Barrela) e Isaque Pires (Barrela).
"Escrevi O ALUGUEL depois de perceber a relação conflitante que existe entre os trabalhadores de sinaleiras e os motoristas, seus possíveis fregueses. Esse foi o ponto de partida para abordar temas como preconceito, violência urbana, desigualdade social, desemprego, corrupção, trabalho infantil, exclusão social... Mas também, sonho esperança, família, luta pela sobrevivência diária..."
ONDE: Espaço Xisto Bahia (Biblioteca Pública dos Barris), tel. 3117-6155
QUANDO: Terças e Quartas, 20h. de 02 de setembro a 01 de outubro/2008.
QUANTO: preço popular: R$ 10,00 inteira e 5,00 meia.
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