Do mar
cheiro a chuva
na boca.
Os olhos vermelhos de berinjela e de por
do sol,
cabelos esvoaçantes
despedem. Anônima
na multidão
vejo-te sem algas dentro das águas.
Nelson Magalhães Filho
Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho
Nelson Magalhães Filho
sexta-feira, setembro 29, 2006
mais um bálsamo
e coloquei um radiohead com
fake plastic trees
sem tédio ou vontade de ir a paris
só as vacas beijam minhas feridas
neste lado indecente da cidade
só o amor é mais amargo que seus olhos.
nada de me dizer: você precisa fustigar
impiedosamente estas ruas, já estou
refratário para os estonteamentos
e a privada imunda porque a mais linda
mulher da cidade cortou a garganta.
náuseas no olhar
baby possuída por um cavalo triste
condenada a um triângulo
desregrado de amor
acuada entre dois enganos.
baby, vou te dar um perfume
feito do azeite de pétalas bisonhas
e o disco da patti com
land of thousand dances.
Nelson Magalhães Filho
quinta-feira, setembro 28, 2006
Wesley Barbosa Correia nasceu em Cruz das Almas, BA. Graduou-se em Letras na UEFS, realizando projetos nas áreas de Língua e Literatura e viajou muitos estados apresentando em Universidades sua pesquisa sobre Literatura e Gênero. Cursou o mestrado em Literatura e Diversidade Cultural onde defendeu dissertação sobre o poeta Ferreira Gullar.
ALTER FACE
para NMF
É tarde!
E, talvez, muito cedo
para os labirintos inócuos de Rimbaud:
a estranheza do mundo em um copo d'agua
É tarde, meu bem.
Nem o relógio se atreve dizer horas.
Paira, na sala de estar, o odor
salutar dos versos nocivos.
É tarde, querida.
Tão tarde a ponto dos sustos
e dos prazeres
ficarem de mal de mim.
É tarde, Gullar:
não há teorias
nem críticas
nem vanguardas.
O que há: é o poema a vomitar-se.
O poema que apenas Kafka conheceu.
É tarde. Muitíssimo tarde, amor!
Para provocar - sendo assim tão tarde -
a cama a caneca
de café a televisão
tiram a roupa
frente meus olhos
é tarde angústia é tarde alegria é tarde gastrite
dor de cabeça e mau funcionamento dos rins
é tarde, vida e sonho
é tarde, sono
mais seguro dormir e, quiçá, não será amanhã tão
tarde!
Quiçá, tudo
se recomporá
como
no primeiro início
do instante inabitado.
Wesley Barbosa Correia
A Casa da Cultura Galeno d'Avelírio abre nesta sexta-feira dia 29, a Exposição MULATAS da artista plástica DINA GARCIA. Em seguida haverá o lançamento do CD Reflexos de Universos On-line, comemorativo aos 30 anos da revista literária fundada por Nelson Magalhães Filho e Welington Sá, hoje editada pela Fundação Cultural Galeno d'Avelírio de Cruz das Almas (BA). Também teremos um Recital Poético e a participação musical de Zinaldo Velame. Será servido um coquetel aos participantes.
quarta-feira, setembro 20, 2006
Neste CARURU DOS 7 POETAS ( na belíssima cidade de Cachoeira) tem meu amigo Wesley Barbosa, que recentemente esteve no Sarau do Gregório, e também lançou seu livro Pausa para um Beijo e outros Poemas, em Feira de Santana e em Cruz das Almas. Recital com gostinho de dendê: Ponto de Cultura Terreiro Cultural, dia 23 às 21 h.
terça-feira, setembro 19, 2006
sexta-feira, setembro 15, 2006
Colherei ervas
com a mão esquerda
na estação do inferno
mesmo que o musgo das pedras coléricas
possa através do anjo roubar-me a alma.
Há moinhos de vento no céu aceso
sombras -asas e rufos quando sussurro
tu como morcego vermelho.
E você vai embora bem funda da noite
deixando pinturas inacabadas
e na boca silente
um girassol de van Gogh.
Nelson Magalhães Filho
com a mão esquerda
na estação do inferno
mesmo que o musgo das pedras coléricas
possa através do anjo roubar-me a alma.
Há moinhos de vento no céu aceso
sombras -asas e rufos quando sussurro
tu como morcego vermelho.
E você vai embora bem funda da noite
deixando pinturas inacabadas
e na boca silente
um girassol de van Gogh.
Nelson Magalhães Filho
Mulheres - 2004
Mista s/ papel, 70X50 cm
Teu cheiro amarfanho
durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário
tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos
certamente me salvarão
deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens
sem estrelas
entre bichos e flores como se não fossem
cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe
entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno
em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
Mista s/ papel, 70X50 cm
Teu cheiro amarfanho
durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário
tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos
certamente me salvarão
deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens
sem estrelas
entre bichos e flores como se não fossem
cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe
entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno
em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
quinta-feira, setembro 14, 2006
Mulheres - 2004
Mista s/ papel, 70X50 cm
tatuada negra rosa nas costas
quero minhas tardes passar
cálidas com você
no espesso céu de vadias estrelas.
de todos eu estava isolado no escuro
enquanto pela boca expelia plantas.
e foram naqueles invernos treze luas!
silente rosa negra longe
da vertigem-oceano
como o vento, traiçoeira
que não cessa, celebrado pelas musas
não deixe-me assolado dormir.
vagos sinais me chamam de fogo
e das pedras que nos visitam
nas estranhas horas
pela supressão do medo das águas:
- cerro uma tristeza quase em soneira!
Nelson Magalhães Filho
Mista s/ papel, 70X50 cm
tatuada negra rosa nas costas
quero minhas tardes passar
cálidas com você
no espesso céu de vadias estrelas.
de todos eu estava isolado no escuro
enquanto pela boca expelia plantas.
e foram naqueles invernos treze luas!
silente rosa negra longe
da vertigem-oceano
como o vento, traiçoeira
que não cessa, celebrado pelas musas
não deixe-me assolado dormir.
vagos sinais me chamam de fogo
e das pedras que nos visitam
nas estranhas horas
pela supressão do medo das águas:
- cerro uma tristeza quase em soneira!
Nelson Magalhães Filho
quinta-feira, setembro 07, 2006
Mulheres - 2004
Mista s/ papel, 70X50 cm
Os tigres chegaram.
Sonhos cobrem tua vasta cabeleira
ornada de cambraias
dilacero pétalas nos tigres
lágrimas as mais tristes sobre a face.
De pranto alucinado pelo vento
arrufo-me de encontro ao morno
alagamento da vertigem.
Urgiam cachorros selvagens
pelos eucaliptos
avançavam as águas ardentes
em minha direção.
Contra as ondas escuras singraremos,
os tigres chegaram
os cacos das unhas descendo pelo peito.
Nelson Magalhães Filho
Mista s/ papel, 70X50 cm
Os tigres chegaram.
Sonhos cobrem tua vasta cabeleira
ornada de cambraias
dilacero pétalas nos tigres
lágrimas as mais tristes sobre a face.
De pranto alucinado pelo vento
arrufo-me de encontro ao morno
alagamento da vertigem.
Urgiam cachorros selvagens
pelos eucaliptos
avançavam as águas ardentes
em minha direção.
Contra as ondas escuras singraremos,
os tigres chegaram
os cacos das unhas descendo pelo peito.
Nelson Magalhães Filho
sexta-feira, setembro 01, 2006
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