Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

segunda-feira, março 23, 2015


Próxima quarta (25), o Cineclube Mário Gusmão exibe o filme Ladrões de Cinema, do cineasta baiano Fernando Coni Campos.
O longa lançado em 1977, trata-se de uma experiência metalinguística, expondo o cinema como uma atividade marginal, o cinema apresentando sobre fazer cinema. O diretor consegue expor à sua maneira e de forma cômica, um expressivo retrato de se fazer cinema no Brasil na época de sua realização.

domingo, março 08, 2015

sábado, março 07, 2015


Fernando Coni Campos procurava produzir um cinema de poesia e empatia, o que afastava suas obras do Cinema Novo. O diferencial do cineasta baiano é justamente abordar a fabulação, o sonho, construir uma dramática popular brasileira. Um cinema que na sua época vivia uma luta contra a censura policial, comercial e ideológica, na qual o cineasta prontamente delatou.

É com muito orgulho que o Cineclube dá início aos trabalhos com a Mostra Coni Campos, exibindo o filme “Viagem ao Fim do Mundo”. O longa se passa durante uma viagem de avião, onde cada personagem aparenta viver em seu próprio universo. Passageiros lêem jornais e revistas enquanto um rapaz lê Machado de Assis, detendo-se no capítulo “O delírio”, do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.

AUDITÓRIO DO CAHL | 11/03 | 19H
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB