e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho

Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Nelson Magalhães Filho
segunda-feira, junho 20, 2022
segunda-feira, abril 18, 2022
SARIGO
Em seu estudo sobre as relações entre espacialidade e temporalidade na
construção de quadrinhos abstratos, o pesquisador Guilherme L. B. e Silveira
informa que a produção contemporânea das histórias em quadrinhos tem
apresentado uma série de rupturas que se escoram em outras linguagens, na
tentativa de se desvincular das estratégias narrativas mais desgastadas dessa
linguagem, bem como de seus gêneros cristalizados – super-herói, faroeste,
aventura, terror, entre outros. Ele mostra que, principalmente a partir dos
anos 1980, uma grande aproximação, das histórias em quadrinhos, com as
literaturas, artes visuais e música se apresenta. Seja pela narrativa
cotidiana, com personagens não-contínuos, relatos autobiográficos, experimentação
visual e textual ou exercícios de sentido pelo ritmo e a mancha da imagem na
página, outras linguagens serviram de impulso criativo.