O vídeo dolls angels foi selecionado para o Salão Regional de Artes Visuais de Porto Seguro, que acontece em 28 de outubro no Centro de Cultura de Porto Seguro - BA

Nesta série de vídeos que apresentei aos Salões Regionais de Artes Visuais, procurei fazer uma reflexão crítica sobre a violência, vida densa, morte, caos rural e urbano, pertencimento a um lugar, poesia e memórias da infância. Meu processo de trabalho é uma experimentação sempre em andamento. Com a crescente brutalidade desse lugar que não é destino, as pessoas são marginalizadas e estão extremamente sensíveis ao tempo que sempre parece se retrair: tudo parece escapar de nosso corpo e de nossa mente (desintegração psíquica). Elas carregam um sentimento estranho de deslocalização silenciosa e reminiscências lânguidas. Minha abordagem e preocupações temáticas vêm do assombro da overdose das drogas, das epidemias, das catástrofes, no desvanecimento deste nosso tempo que corrói nossa identidade em ruínas. Essas imagens são freqüentemente focadas em uma conexão física e espiritual com os resíduos humanos, um mundo cheio de enigmas e ásperas recordações.
Em dolls angels são questionadas as sutis relações entre a infância e a perversidade, numa série de imagens apresentando um boneco sendo maltratado por um suposto afogamento, com a intenção de provocar um sofrimento ou um sorriso irônico no espectador. O boneco, que é um objeto de afeto e recordações, está submergido numa antiga lavanderia de quintal, simbolizando um oceano misterioso ou até mesmo um útero materno desconhecido. Seus olhos são estranhos, bolhas, pétalas diáfanas e arroxeadas cobrem parte de seu rosto.
Então acho importantíssimo no atual e conturbado mundo contemporâneo, fazer uma reflexão sobre a violência, sugerindo uma provocação ao recolocar um símbolo da infância num contexto marginal.