NUNCA ESTIVE PRONTO
A dor não atende por seu nome. Procurei por tua sombra pela casa inteira. O corpo ali estático envolto em um novo dilema. Pasto de horas movediças. Debato-me por entre cômodos, reviro utensílios, arranco o assoalho. Não há traços de tua sombra. A tua morte foi um mal pressentimento. Encaro meus erros todos reunidos à volta de teu corpo. Pressiona-me a desconfiança de que a sombra permanecerá oculta. Desfaço-te de roupas, hábitos, lembranças. Desprendo a mobília do olhar. Emudeço lâmpadas, torneiras, janelas. Ponho a casa toda a procurar por ela. Assusta-me não saber onde encontrá-la. Desespero a mudar os nomes da aflição. Esqueço o meu próprio nome e mesmo assim não te mostras. Não te vejo mais onde estás. Tento não respirar para amenizar a dor, porém a respiração não se desprende de mim, latejante como um castigo. Dói-me infinitamente o silêncio mortificante de tua sombra ausente. Não importa o que eu tenha aprendido. A dor não me atende mais por nome algum.
floriano martins 2009
floriano.agulha@gmail.com
www.revista.agulha.nom.br/abraxas.htm
1 de Abril: Apresentação on-line da Revista NOVA ÁGUIA nº 33...
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Há um dia
2 comentários:
Que bom que você viu e gostou do filme!
Valeu!
Abração
Buenas, excelente,abraço.
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