Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

segunda-feira, abril 09, 2007

Hoje é aniversário de meu filho ARTHUR: 19 anos.
Nas trilhas da Chapada Diamantina.




No tempo em que eu arriscava tocar "The Eternal" do Joy Division. Na parede o painel "O Homem do Sobretudo Negro", baseado na música do Bob Dylan.



Com uma pintura de Zé de Rocha no fundo.




Na porta do ateliê da casa velha ouvindo Led Zeppelin e Sonic Youth.





Numa exposição na Galeria ACBEU.








Um comentário:

Anônimo disse...

e artur cresce, ocupando um novo espaço na vida essa mesma vida que viu outros crescerem e ocuparem outros espaços, é assim, há espaços em demasia é só buscar e lutar, por que o caminho por esses espaços não são facilitados e mem são dificultados são caminhos conquistados por quem luta.
artur lutar é preciso.