Nelson Magalhães Filho. Página do DIÁRIO DO ARTISTA, mista s/papel, 15X21 cm as franjas serpenteadas de meus cabelos,
meu rosto-caos
vou andando pelo avesso vagueando nesta agonia
com uma excessiva afeição pelo luzimento
de luas que gozam.
não amo ninguém, insidiosa minha inocência cheia
de flor e perversidade,
mas são bobagens.
é assim que a cidade fica de noite
inventando de veludo seus anjos sinistros
amantes-assassinos gelados.
estonteado pela náusea de vidro
brotada de minha garganta
essas ruas jamais serão varadas por minhas lágrimas.
não estou sendo romântico, você não é meu amor
não me deixa tatuagens perdidas pelo corpo
e cada beijo fere ainda mais meu abismo.
embarco essa grávida noite ejaculando monstros
pelos passeios
e quando tudo isso acabar talvez esteja acossado
por estrelas do mar
e invólucros de valium-10 no bolso da camisa.
só o frenesi de passar nesta pele
um aceso isqueiro de demência,
não rasgarei minhas dores, outra vez
restos de cães encarcerados embaixo dos carros.
Nelson Magalhães Filho
2 comentários:
Muito bom.
Buenas,este arranha o coração de forma tão áspera quantouma lixa... Magnífico.
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