Texto: Nelson Magalhães Filho e Ronaldo Braga
O BRINCO DA PRINCESA
FÚCSIA - Sob este mote, brincam os autores com a poética esdrúxula do humano, onde a violência banalizada no mundo contemporâneo propõe uma nova visão humanística para o velho dilema entre o bem e o mal.
Explorando os limites da sanidade, disseca a acomodação social e o embrutecimento advindos desta acomodação, de forma que ao se banalizar o "modus vivendis" deste início de século, inconformados com a apatia social, os autores, românticos e poéticos, devolvem com uma carga violenta (de resto...) esta postura social, a qualquer um que preste a ouví-los.
Fúcsia, mais que o delicado brinco de princesa é uma armadilha para a platéia. Sem ser incômodo, planfetário ou grosseiro, atinge o âmago da consciência de cada um, montado um panorama de filosofia do absurdo, que é coincidentalmente o que permite a apatia a cada um de nós, como forma de construção das defesas psico-lógicas, para se sobreviver ao embrutecimento assentido do nosso tempo.
Propondo dois personagens fundidos em um único, quando o verso e o reverso permeiam na inutilidade das ações cênicas, provocam uma aglutinação, uma relação de amor verdadeiramente sentido entre ambos, uma vez que, na trama, é abolida toda e qualquer hipocrisia.
Fúcsia trabalha com a verdade, mesmo reconhecendo que o absurdo dela faça parte, como na passagem em que o motivo para o crime seja a bunda da filha do assassinado a lhe sorrir no enterro.
A crueldade como forma de reconhecimento, como espelho das posturas e ações do nosso tempo, fazem de Fúcsia um raro discurso filosófico da atualidade. Um grito de inconformismo, um grito de desespero frente a mutilação consentida do humano.
Bel Mascelani, poeta.
Um comentário:
uma critica que antes é uma poesia, a Bel é pra mim uma das melhores poetas da atualidade e suas palavras me deixa com uma vontade muito grande de continuar produzindo.
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