Como dizia Fernando Pessoa, "morre jovem o que os deuses amam, é um preceito da sabedoria antiga. E por certo a imaginação, que figura novos mundos, e a arte, que em obras os finge, são os sinais notáveis desse amor divino. Não concedem os deuses esses dons para que sejamos felizes, senão para que sejamos seus pares..."
Agora pela noite, ouço a voz sombria de Nico em "The marble index-69" e "Drama of Exile-81", e penso no meu amigo Luciano Passos, que foi embora muito cedo levado pelo amor cruel dos anjos.
CAVALO ESTRELADO
A noite é um cavalo estrelado
Que pasta nos becos do mundo
E arrasta entre solene e vagabundo
O rabo anônimo do pecado.
A noite é um negro cavalo
Com olhos molhados de desejo
Exalando amor pelas narinas
Do gozo escravo e vassalo.
A noite relincha alto
Nos quartos das putas velhas
E deixa na testa do asfalto
O retrato do seu coice.
A noite trota cansada
Farejando a imutável madrugada
- égua no cio, fogosa e alazã -
e deixa-se agasalhar já semi-morta
pelas crinas amarelas da manhã.
Luciano Passos
Um comentário:
" quando nasci,um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos!,ser guache na vida.[...]
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