Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.
Nelson Magalhães Filho
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)
Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho
Nelson Magalhães Filho
sábado, agosto 18, 2007
cruz das almas city blues,
dilacerantemente escura
pela tarde fustigavam meus olhos a mesa
de jantar
a mesma mesa de flores esverdeadas
pela tua loucura
espreitando meigamente meus seios
inexplorados.
sua essência amar
ga como losna-maior
esta ampulheta mede uma fração de
artemísias...
ao lado do beliche furtivamente
A Lua e os animais, de Jorn
dilacerantemente escura
agitando inefável faca insetos ilimitados
que não acontecem habitualmente
na investigação do espanto.
tenho poder sobre os bichos da tarde.
Nelson Magalhães Filho
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6 comentários:
A tua poesia é excelente! E é muito bom esse mix que fazes ente o poético e o universo pictórico.
Apesar de não pintar, também há muito do universo da pintura no que escrevo; aprecio essa relação, como podes ler aqui: http://gothland666.blogspot.com/2005_10_01_archive.html - no «The Lady Of Shalott». Esta entrada é o dia um do meu blog, o único em que há quatro posts, cada um deles é a primeira página dos quatro livros em que se organiza o meu blog: Lucifer's Kingdom, Goth Land, The Land e The Kingdom, nesta ordem ascendente. Também ficarás a perceber melhor o blog e o que me move.
Abraço!
P. S. Eu é que te agradeço, foi muito grato para mim descobrir um old school - já somos poucos.
Tenho um blog mais recente e mais generalista - lá tenho um machado :) - http://cronicasdapeste.blogspot.com/
Este machado... ;)
Fica bem.
P. S. Podes transitar entre os blogs, clicando, do lado direito abaixo do contador, em, respectivamente: «Need a Coffee?» e «Need a Tea?».
Excelente...
:)
abraço
Buenas,este city blues,marcante.Pétala e punhal no âmago da cruz.
olá! é sempre bom vir aki e lêr o k tu escreves .faz bem á alma. a minha poesia não chega nem aos pés do k tu escreves pq eu nao sou poetisa nem escritora ,mas podes sempre ir ao meu blog e nao te esqueceres de mim.
bjo e uma boa semana.
carla granja
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