ESPIRAL
Cansado de indagar
ele se curva, ramo
pendente de abismos,
a brevidade vã que
turva – excesso de luz
sobre a coisa viva,
cor demais, que ofusca
a incessante busca
de sol pela flor nativa.
Do alto vacilante ele
mira o fundo do vale
inundado pela manhã
com sombras, e no afã
(desesquecido do seu
instante-ramo) quer o
mergulho sem asas, o
abandono à sua medusa,
que do seu próprio
peito vaza. Mas se
faz de si o centro quem
o estapeia é o vento
que arranca o ramo
na direção contrária,
e a sedução do vôo
abismo adentro se
interrompe, e o faz
dobrar ante o céu cinzento.
Primeiro curvado; depois
prostrado. Antes, porém
assoberbado de razão,
era el hombre dentro
de la piel, que se tinha
inteiramente são. Deu
nomes para que se
apoiasse sua fragilidade
de ramo, abusou de
pseudo-bálsamos. Tais:
cânhamo, deuses, rosas
carnais, a negação
pelo desdém, oscilou
no vai e vem das
espirais onde se
enovela o ser e
a palavra explode
mas não colhe espigas.
Voltou-se para o fim.
(Pai Eterno!) Sujo de
crendices, de confusa
ciência, (Olhai por
mim), porém se
percebe apenas
ramo, não o último
nem o máximo no
cosmogônico jardim.
João Filho
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Há 4 dias
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