JARRO ATRAVÉS DAS CORTINAS DOS CABARÉS
Hoje pela manhã eu não sou mais o seu Anjo.
Nestes chuviscos de abril a tua presença
ainda é rasa, quando arroto a faca
contra as paredes deste lado
oculto, a tua presença
existindo nas criaturas que me escapam,
talvez de outro mundo, coisa de Rama-mu,pináculos
pinturas de Goya ou lições cármicas em trânsito
nunca cumpridas
que certamente não me orientam um céu
como desligar um silêncio irreparável na sua nudez
ou um astro que sua garganta arranca na madrugada...
Capturávamos as partituras de Listz, The Cure em
Standing on a Beach para nada de novo
neste viscoso fragmento de nuvem
sobre a mesa no tempo dos luares
(onde dormem as borboletas onde Daniel joga
baralho com Clívia suspeitando
dos tufões e dos milagres luciferinos): limite
intransponível a sonolência
de embriagar-nos diante das luzes da noite,
nossas mãos se contorcendo numa obscuridade
fulminantemente vaga: desesperos
vedando a metamorfose das valquírias
neste impregnado jarro através das cortinas dos cabarés,
esperando parentes nostálgicos, considerações
a respeito da mandala, um peixe humano
uma audácia impressionante o que ocorre
nestes momentos de aves furiosas,
certamente além destes automóveis dilacerados.
E de novo hoje pela manhã estamos alcançando o limiar
do real: fluidez-emulsão
de gritos e pausas enigmáticas
(os de fora esquartejam os oceanos
através de visões clandestinas,
o auge da graça indefinida).
Preciso não mais roer vertiginosamente
os olhos de Carla
mesmo enquanto o sangue dos ladrões for alucinação
que se perde no outro lado da noite,
brotando flor madura, misteriosa...
Para que nos forjar de fadas entre os chamuscos
se esta náusea não fantasia a dor?
Não nos privaremos de razão agônica alguma...........
Nelson Magalhães Filho
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Há 4 dias
Um comentário:
alucinação sangue dos ladrões e ser anjo por decreto é antes uma agônica flertação com o nada que as coisas grandiosas nos traz em seus terminos, um vazio que só as grandes conquistas trazem.os menores,os socias, os bois tem no vazio um tedio cotidiano e não um solavanco da existencia
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